segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Mau começo

Na Idade Média, quem quisesse aprender uma profissão, além de pagar ao mestre pelo aprendizado, tinha que trabalhar de graça para ele durante algum tempo. Era o sistema das Guildas ou Corporações de Ofício, adotado na Europa. Elas eram resultado da mentalidade medieval, que encarava as inovações com desconfiança e o lucro como pecado grave.

Com o tempo, as Corporações de Ofício foram extintas. Quer dizer, não totalmente: pois no Brasil ainda há desenhistas, especialmente iniciantes, acreditando ser obrigatório desenhar de graça Se você pensa dessa forma, é hora de mudar.

O desenhista não é forçado a começar na profissão sem receber. Um conceito desse tipo pertence ao passado. Médicos não começam trabalhando de graça. Nem padeiros, mecânicos ou arquitetos, nem qualquer outra profissão. Estamos no século 21: vamos viver conforme a mentalidade de hoje, não da Idade Média!

Nada se sustenta sem dinheiro: mesmo uma associação sem fins lucrativos necessita obter fundos de alguma forma. E não me diga: "com o desenho é diferente": o desenhista paga contas como qualquer outro trabalhador, pouco importando se ele é novato ou experiente: pois tudo o que você compra já vem com imposto embutido no preço.

Portanto, é justo o desenhista receber. Uma coisa é se ganhar pouco no início; outra, bem diferente, é bancar o escravo. Sim, porque a menos que você esteja prestando um serviço voluntário, para caridade ou coisa similar, estamos falando de escravidão. E da pior espécie, pois é uma escravidão voluntária.

Suponha que você viu um anúncio, onde um estúdio oferece trabalho para um desenhista e você esteja sendo entrevistado pelo dono. Quando digo "estúdio" estou empregando um termo genérico; tanto faz se chamam o lugar de "agência" ou outro nome... e para nossa discussão, é indiferente se você irá trabalhar no local ou em sua casa.

Tenha sempre em mente o seguinte: o dono do estúdio abriu a vaga no interesse dele, por ter uma clientela que lhe pagará pelos serviços de um desenhista. Sem essa clientela ou se houvesse pouca chance de lucro, o dono nem cogitaria em colocar um anúncio.

Portanto, ele não empregará você para "valorizar o artista nacional" ou "dar uma chance à nova geração de desenhistas" (ainda que afirme isso). Acreditar em idéias desse tipo é pura ingenuidade. E independente do quanto a pessoa seja gentil com você, ela defenderá os interesses dela! Você precisa defender os seus e se não quiser, pior pra você.

Só um aproveitador iria propor que você trabalhasse de graça para ele. Ainda que diga: "é só por uns três meses, depois eu começo a te pagar", se não houver um acordo escrito e assinado, nada garantirá o cumprimento dessa promessa.

E é perfeitamente possível que ele o mande embora, ao final desse prazo... para aplicar o mesmo golpe em outra pessoa! Infelizmente, enquanto houver gente que caia nessa, os aproveitadores vão fazer a festa. Acorde enquanto é tempo!


sábado, 28 de novembro de 2015

Algo sobre amizade

Durante o segundo ano do colégio, a professora passou um trabalho, no qual cada aluno deveria criar um cartaz sobre a Revolução de 1932. Mais da metade da classe pediu minha ajuda, pois todos sabiam que eu desenhava. E eu desenhei pra eles... porque, até então, minha consciência das coisas era próxima a zero: se eu não fizesse, não seria um "cara legal", estaria "pisando na bola". Meu colega de carteira observou tudo aquilo e, pouco depois, chamou-me para conversar.

Ele fez-me ver o que eu, na minha ignorância, deixei de perceber: em circunstâncias normais, muitos daqueles para os quais eu desenhei mal me cumprimentavam ou conversavam comigo. Apenas me procuraram por puro interesse. Mas, o mais importante não foi o que meu amigo disse e sim a atitude demonstrada por ele: embora não soubesse desenhar, ele fez sozinho o seu trabalho! Em momento algum quis aproveitar-se de nossa amizade para pedir favores.

E quanta gente age assim; quantos procuram nossa "amizade" unicamente para obter vantagens! Lembro que, em uma conversa, ouvi este comentário absurdo (não a meu respeito): "Se a pessoa é sua amiga mesmo, vai fazer esse desenho pra você". Se não fizer, então...adeus amizade? Algo que termina por tão pouco só pode ser falso e nem se deve lamentar por ter acabado!

Terminado o colégio, nunca mais encontrei esse meu colega. Infelizmente, não me recordo de seu nome e é bastante provável que ele já nem se lembre de mim... nossas memórias se perdem com o tempo, muita coisa acaba sendo esquecida, por mais que a gente queira conservar.

Entretanto, o essencial, o que meu amigo mostrou-me sobre amizade verdadeira, é algo que não se esquece... e, na minha opinião, mereceu ser contado aqui.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sobre créditos

Frequentemente pessoas procuram recrutar desenhistas, para determinados trabalhos, com propostas assim: "Não tenho dinheiro para pagar, mas darei os créditos a você". Muita gente propõe isso com boa intenção, é verdade, acreditando estar fazendo um enorme bem ao desenhista. No entanto, pessoas que teriam condições de pagar pelo trabalho (e, por malandragem, não querem!) também aparecem com propostas desse tipo! E acaba sendo difícil, na prática, separar honestos de pilantras...

Para o nosso tema, não faz tanta diferença a intenção da pessoa (e digo isso sem nenhuma ofensa), já que a natureza da proposta é essencialmente a mesma: seja para alguém honesto ou desonesto, o desenhista não receberá dinheiro se aceitar participar nesse negócio. Esse fato nem sempre é notado porque os tais "créditos" são super-valorizados, dando a impressão de valerem mais que o próprio dinheiro!

Na verdade, créditos não são uma forma de pagamento e nem mesmo de agradecimento: são um direito natural do artista! Não importa se a obra foi feita gratuitamente ou a dinheiro, quem recebeu a obra tem o dever de dar os créditos. É uma obrigação, não um favor: portanto, a pessoa não está fazendo nada de extraordinário, ao fornecer créditos ao desenhista.

Para perceber como essa idéia é sem sentido, aí vai um exemplo: quando um filme chega ao final sempre aparecem os créditos, ou seja os nomes das pessoas que ajudaram a realizá-lo. Quem seria ingênuo de supor que todas aquelas pessoas trabalharam de graça, para fazer o filme, só para terem seu nome ali?

Essa proposta de "créditos" quase sempre vem acompanhada com promessas de "divulgação". Em outra postagem, eu tratarei desse ponto, tomaria muito espaço discutir isto aqui. Então, vou tratar brevemente do assunto, até porque ele precisa ser mencionado. Vamos lá:

Atualmente os desenhistas tem diversas maneiras de divulgar seu trabalho, graças à internet: por meio de blogs, sites, no Deviantart, nos fóruns... até no facebook. E tudo gratuitamente, sem nenhum custo! Logo, não há sentido em desenhar de graça em troca de divulgação.

sábado, 21 de novembro de 2015

Por que usar só um programa?

Quando se usa exclusivamente um determinado programa, tende-se a querer fazer tudo nele. O ruim dessa atitude é afastar você de conhecer e pesquisar outras ferramentas que podem melhorar seu trabalho. Olha só essa imagem:



Eu fiz no Photoshop? Não, em dois programas open-source: o Inkscape e o Gimp. No Inskcape eu elaborei a forma, pois sendo um aplicativo vetorial, ele é bem mais eficiente para a tarefa.

A screenshot abaixo (clique para ampliar) mostra a forma básica, já pronta. à esquerda dela estão as referências, tiradas destas páginas do livro The power of form applied to geometric tracery, de Robert William Billings. A obra é de domínio público e pode ser baixada, livre e gratuitamente, aqui.



Um recurso tremendamente útil dos programas vetoriais (Inkscape incluso) é a visão em modo "aramado". Como funciona? Nessa visão, as cores e efeitos dos objetos não são mostradas, somente os contornos deles são exibidos, tornando mais fácil notar e corrigir falhas no desenho.



Terminada a figura, eu a exportei no formato png, no dobro do tamanho final (costumo tomar essa precaução para evitar uma possível perda de qualidade). A edição foi concluída no Gimp, onde apliquei os degradês, texturas e outros elementos. Por esquecimento meu, acabei não tirando screenshotsdessa fase do trabalho (nos próximos vou me lembrar disso).

Não me é possivel, de momento, redigir um tutorial porque isso envolveria muita coisa...por exemplo, eu teria de começar ensinando a fazer a própria figura. O livro a mostra de um jeito, tentei fazer de outro para agilizar. Saiu razoavelmente correta, mas ainda não fiquei contente com essa parte. Precisaria testar outros meios de facilitar (e simplificar) a construção do objeto. Ela ainda me parece um pouco complicada...


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Mercenário

Todo artista que recusou-se a fazer um desenho de graça talvez já tenha sido chamado de mercenário, pelo menos uma vez na vida. Mas quem faz essa acusação saberá, de fato, o que é um mercenário? O que significa essa palavra?

Consultando um dicionário, encontro três definições: 1) Aquele que trabalha por soldo ou estipêndio; 2) Quem trabalha apenas interessado no dinheiro; 3) Interesseiro. Naturalmente podem haver outras definições; porém, vamos analisar estas.

A primeira definição é discutível, pois "soldo" e "estipêndio" podem ser considerados sinônimos de "salário", que é "remuneração recebida em troca de serviços". Ou seja: todo trabalhador seria um mercenário, nessas condições, pois todo trabalhador recebe salário! Muito sem sentido, não?

Tentam ser melhores a segunda e a terceira definições...no entanto, se refletirmos, há algo de ingênuo nas duas: nos passam a impressão de vivermos em uma sociedade de seres iluminados que dá importância zero ao dinheiro! E, nessa sociedade perfeita, os artistas fazem o papel de malvados, únicos a pensar em coisas tão mesquinhas...

Na verdade, quem despreza bens materiais e pode abrir mão da maioria ou de todos eles, sem nenhuma hesitação é quem dá pouca importância a dinheiro. É o que nos ensinam várias filosofias e religiões. Diga sinceramente: quantas pessoas assim existem na sua família? Na rua onde você mora? Na sua escola e no seu emprego?

Caso uma pessoa diga: "Eu não ligo pra dinheiro" e dali a dez minutos confesse "não viver sem o celular à mão"...evidentemente sua primeira declaração é falsa: ainda que ela tenha ganho de presente o aparelho, alguém terá, obrigatoriamente, que desembolsar dinheiro para conseguir o celular (e pagar pelo uso, lógico).

Estou condenando a tecnologia? Não: com esse exemplo, procuro demonstrar que dinheiro e bens materiais são coisas interligadas; é sem sentido afirmar não dar valor a um se, no fundo, dá-se bastante importância ao outro. Assim se passam as coisas, no mundo real...

Para concluir: mesmo que "mercenário" signifique "interesseiro", a acusação soa estranha, na situação em que ela é feita: quem procurou o desenhista? A mesma pessoa que o acusa! Se ela quer a arte de graça, quem será a beneficiada, nesse negócio?

Apenas ela, é claro. Isso não é ser interesseiro?




domingo, 15 de novembro de 2015

Efeito de Retículas no GIMP


Os efeitos acima foram criados na versão 2.2.13 do GIMP (já antiga na época)...e apesar do tutorial ser de 2008, pode ser seguido ainda hoje, sem grande dificuldade para quem possui um conhecimento médio do programa. O tutorial tem quatro páginas e inclui a imagem original para treino (lembrando que essa foto foi usada apenas para fins educacionais. Os direitos pertencem aos seus autores!). Para fazer o download, clique aqui.


Experimentei reproduzir o efeito de modo diferente em outra imagem, num GIMP portable 2.8:


Vamos às explicações: O lay-out da Ferramenta Mistura (a do degradê) mudou (A). Para inverter a direção do degradê, clique na setinha dupla (1). O Deslocamento (2) você muda arrastando a barra com o mouse (e não mais num controle deslizante como era). E não precisa mudar os valores em Amostragem adaptativa (3), é suficiente deixar essa opção marcada.

Repare, ainda, que eu apliquei o degradê em outro sentido daquele mostrado no tutorial (B). Isto porque o formato e o conteúdo desta imagem são, obviamente, diferentes...e, portanto, uma outra abordagem seria necessária:



Por esses motivos eu também empreguei valores diferentes no quadro de diálogo do filtro Retículas (C). Por exemplo, em Tamanho da célula (1), escolhi o valor de 6, para obter retículas menores. Configurei o Ângulo (2) para 30, me pareceu o melhor para o caso. Eu sugiro que você comece sempre experimentando os ângulos de 15, 30, 45, 60 e 90: são os melhores.



Este é o resultado da configuração do filtro (D):


Como eu disse no início, eu utilizava uma versão antiga do Gimp quando escrevi o tutorial. Houve mudança na localização do recurso Cor para Alfa, veja abaixo. Tentei editar o texto do tutorial e não consegui: devo ter utilizado uma fonte que já não tenho mais...



Após a aplicação do "Cor para alfa", preferi não seguir o tutorial original. Na janela de camadas (E), alterei o modo da camada das retículas, de Normal para Sobrepor (1), reduzi a Opacidade para 90% (2) e apliquei uma máscara de camada (3). Trabalhei na máscara até conseguir o resultado mostrado na imagem...


Outra experiência com retículas, na mesma imagem:


Até o próximo tutorial!

Cadê a computação gráfica?!

Aqueles que lidam com computação gráfica e acompanham o blog devem estar fazendo essa pergunta. Porque, até agora, só houve postagens referente a Desenho. Assim, decidi explicar as razões...

Bem, primeiro, a maioria dos meu tutoriais a respeito do assunto são antigos. Os do GIMP quase todos redigidos no período de 2008 a 2010. Os de Photoshop em 2006. Evidente que muita coisa mudou (sempre muda) de lá pra cá. As versões e o lay-out dos programas evoluem, novas ferramentas e recursos aparecem, os comandos mudam de lugar, a gente descobre novos jeitos de fazer "aquele" efeito...e por aí vai.

O ideal seria revisar todo esse material, reescrevê-lo e postá-lo aqui. Mas a tarefa demandaria tempo, algo que não tenho muito disponível, no momento. E simplesmente repostar me pareceu insuficiente (e um tanto inútil, pois o material já está alojado em outros locais).

Então, decidi praticar os tutoriais com versões mais atuais dos programas e publicar as experiências, explicando as diferenças que encontrei e, se possível, mostrando outros usos para os efeitos. Me parece a melhor solução, pelo menos agora. O primeiro será um tutorial de GIMP sobre como dar um efeito de retícula. Até lá.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre Autocrítica

Em um artigo sobre um desenhista, do qual ficarei devendo o nome, li o seguinte: "Ele era muito exigente consigo mesmo. Caso não estivesse satisfeito com a tira de jornal que estava fazendo, jogava-a no lixo, mesmo estando ela quase finalizada... e começava tudo de novo."

Aí está alguém com verdadeira autocrítica! A atitude desse artista tem suas vantagens: você joga fora o primeiro desenho e o segundo geralmente sai melhor. Entretanto, há o risco da autocrítica passar a ser excessiva e virar perfeccionismo. Muita gente encara o perfeccionismo como uma qualidade, justamente por confundí-lo com a autocrítica. Na verdade, ele é o exagero da autocrítica e algo bem pouco saudável.

O perfeccionista tende a ver defeitos onde eles não existem ou são pouco importantes: se o artista colocou um pequeno vaso fora de lugar em um quadro, isso "estragou a obra inteira", na visão dele. Será que estragou mesmo? Talvez pouca gente tenha notado o tal vaso ou achado algum erro nele... e se achou, é possível ter julgado um erro aceitável.

Além disso, é comum a falha estar em apenas um ou dois elementos do desenho e talvez compense mais corrigir os erros do que rasgar tudo! Mas quando fazer uma coisa e quando fazer outra? Só experimentando para saber a resposta...

Se autocrítica demais é ruim, bem pior é a falta dela. Quantas vezes já vimos pessoas postarem desenhos que elas pensam ser mangá... e que, na realidade, tem pouco a ver? Examinando-se esses trabalhos, nota-se que os traços não tem beleza, nem precisão e o artista teve pouca paciência com os detalhes. Ou seja, é justamente o contrário do estilo normal do quadrinho japonês!

Quase todos concordarão que autocrítica é algo necessário ao artista... entretanto, ela deve ser equilibrada. Se for excessiva, a pessoa valorizará mais os defeitos do que as qualidades do seu trabalho; se for menor do que o necessário, o desenhista não enxergará o que deve ser corrigido.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um pouco sobre inspiração

Entre uma porção de livros usados, encontrei um chamado: Psicologia Educacional, de George J. Mouly. Foi publicado no Brasil em 1966 e a versão original é um pouco mais antiga, de 1960. Uma obra com mais de cinquenta anos inevitavelmente torna-se defasada, mesmo que em parte... entretanto, algumas coisas nela talvez ainda sejam válidas.

Uma delas é uma parte do livro, infelizmente curta, onde se trata da Capacidade Criadora, mais exatamente sobre a Inspiração. Decidi compartilhar essas informações com vocês, pois é um livro difícil de se achar.

Vou citar os trechos dele e fazer comentários em seguida, para deixar mais claro. Todos os textos retirados do livro estão entre aspas, pois assim fica fácil diferenciar quais são as palavras do autor e quais são as minhas. Vamos lá, então.

Segundo Mouly (o autor da obra), é comum que "...a inspiração surja, não enquanto a pessoa a procura ativamente, mas depois de um período em que após tentar obter inutilmente uma idéia, afastou-se de tudo".

Com certeza já aconteceu com muitos de nós: ficamos minutos ou horas tentando resolver algum problema, sem sucesso... e, quando deixamos de pensar nele e nos afastamos totalmente, aparece a inspiração para solucioná-lo!

Mas por que, em tantas vezes, perdemos tanto tempo nessa busca de soluções? Mais adiante, Mouly esclarece: "...quando a pessoa procura deliberadamente uma resposta para seu problema, tende a entrar num beco sem saída e a explorar os mesmos caminhos infrutíferos..."

Ou seja, a pessoa envolve-se demais com o problema (e da maneira errada) e sua mente passa a girar em torno de idéias inúteis e bem parecidas entre si... idéias que ela passa e repassa, sem gostar de nenhuma ("beco sem saída").

Entretanto, notem que Mouly usou a palavra "tende". Ou seja, as pessoas tendem a agir de uma determinada forma, porém nem todas, necessariamente, agirão como o esperado. Certas pessoas conseguem raciocionar com a calma e a distância necessárias, evitando essa armadilha....

Continuando: quando procuramos uma resposta e não achamos, é normal ficarmos nervosos, ansiosos. E, nos diz Mouly, "...quanto mais a pessoa se torna ansiosa, diante da impossibilidade de encontrar uma solução, maiores as chances de que mostre rigidez na forma de enfrentar a questão (visão de túnel) e até a fadiga pode interferir no seu pensamento.".

Aqui está uma imagem para ilustrar esse ponto: quando estamos em um longo túnel, com pouca ou nenhuma luz, não enxergamos nem à direita, nem à esquerda; só vemos uma saída à frente. E ela nos dá a impressão de estar mais longe que na realidade, pois não avaliamos bem as distâncias na escuridão.

Enquanto a pessoa está nesse círculo vicioso (busca de respostas >> falta de solução >> ansiedade), é de se esperar que, em algum momento, se canse e desista: ela afasta-se do problema. Há aqueles que não gostam da palavra desistir, lembra fraqueza, derrota...

Nesses casos, porém, é uma atitude correta. Conforme Mouly esclarece, "...um período de descanso e relaxamento, durante o qual o pensamento divaga livremente...apresenta a oportunidade para o aparecimento de uma nova organização.".

Estando menos apegados ao problema do que antes, o vemos de modos diferentes e isto altera nossos próprios pensamentos a respeito dele, nossa forma de encará-lo ("uma nova organização")...a partir daí, há condições favoráveis para surgir a inspiração!

Aqui, Mouly nos alerta sobre algo importante: "...a inspiração precisa ser avaliada diante da realidade. Por exemplo, é frequente que o criador verifique, ao pensar uma segunda vez, que sua idéia não dará certo, pois deixou de lado algum fator ou princípio básico. A inspiração para o projeto de uma casa deve ser rejeitada quando o arquiteto compreende que sua idéia para uma determinada localização de uma escada seria ideal de um modo, mas péssima de outro.".

Inspiração nem sempre vem como uma solução pronta, como o povo pensa: ela necessita ser trabalhada, adaptada para o objetivo que queremos alcançar... e também devemos nos perguntar se essa idéia, essa inspiração que tivemos, ajuda ou atrapalha nosso objetivo.

Ou seja: é possível que aquela idéia brilhante que nos veio não funcione para a ilustração que estamos fazendo no momento e sim para uma outra. O erro, então, não está na idéia e sim no lugar onde a colocamos.


domingo, 8 de novembro de 2015

Exercícios de Traço: algumas questões...

Depois de publicar as postagens sobre os Exercícios de Traço, lembrei que seria bom esclarecer dúvidas que, certamente, as pessoas teriam a respeito deles. Algo como um FAQ:

• Esses exercícios são apenas para iniciantes, não é? Eu já sei desenhar!
Errado! Se os seus traços saem tortos e feios e você desenha com uma mão "pesada", a ponto de deixar marcas no papel, precisa urgente começar a praticar os exercícios, ainda que desenhe há cinco, dez ou vinte anos.

Os traços são a base do próprio Desenho, você deve cuidar deles, antes de tudo. Se você não fez isso quando era iniciante, pode fazê-los agora, sem problema algum.

• Posso fazer os exercícios segurando o lápis de maneira normal?
Não! Você deve segurar o lápis igual à forma ensinada pelo Prof. Fábio já na primeira aula dele. Do contrário, de pouco adiantará. Afirmo baseado na minha própria experiência: durante anos pratiquei exercícios similares (de retas e bolinhas)...e inutilmente porque segurava o lápis do modo comum!

Para ser mais claro: em todos os exercícios onde o objetivo seja melhorar o traço, siga as instruções do Prof. Fábio quanto à forma de segurar o lápis. Sempre que for praticá-los. Já nos exercícios da Divisão Proporcional isto é desnecessário: porque eles não se destinam a desenvolver o traço e sim a aumentar a sua capacidade de dividir espaços em partes iguais.

• Mas eu vou ter sempre que desenhar assim?
Apenas na hora de praticar os exercícios. Fora deles você pode usar o lápis como sempre está acostumado.

• Posso usar lapiseira ao invés de lápis?
Não recomendo. Lapiseiras servem para esboços, porém não são tão boas para o sombreado. Já os lápis se saem bem em ambos os casos, por isso o ideal é você empregá-los sempre que possível. Além disso, caso mais tarde você queira aprender a sombrear a lápis, a sua tarefa será bem mais difícil se você estiver viciado no uso das lapiseiras...

• Quantas horas devo praticar?
Em vez de estabelecer os exercícios em "quantas horas vou praticar", é mais adequado você estabelecer "quantas folhas". Veja que nos exercícios eu recomendei fazer uma folha por dia, frente e verso. Isso é o mínimo. Se quiser você pode fazer mais, claro... mas, planeje de acordo com a sua realidade. Por exemplo, não adianta você tencionar fazer cinco folhas por dia se você só tempo e disposição para fazer duas.

• Em quanto tempo meu traço vai melhorar?
Difícil dizer, varia de uma pessoa para outra. Mas eu garanto que, se você insistir, os resultados irão aparecer. Não importa que leve três meses, seis meses ou mesmo um ano: depois de você conquistar um traço melhor, terá maior motivação para continuar a aprender. No meu caso, depois de um mês já senti melhoras. Depois de dois meses e meio, constatei que desenhava com a mão "pesada" durante anos. E, coisa interessante, nunca tinha me dado conta disso!

• Posso desenhar outra coisa, além dos exercícios?
Pessoalmente, não vejo problema, desde que você não os deixe de lado...

• Alguns sites ensinam outros jeitos de se segurar o lápis. Devo seguí-las?
Na minha opinião, quando você conseguir fazer os traços de maneira leve e precisa...isso não fará grande diferença. Preocupe-se em praticar os exercícios todos os dias, tudo à risca: isso é o principal.

• Tenho uma mesa digitalizadora. Posso praticar os exercícios nela?
Não aconselho por causa destas desvantagens:

1) Questão econômica ($$$$): a ponta da caneta gastará mais depressa, pois você a usará com maior frequência e, logicamente, precisará trocá-la logo. A ponta é mais cara do que lápis e papel sulfite comum (ou papel reciclado);

2) Questão de segurança: Se você exercer pressão excessiva na caneta, arrisca a estragar a ponta, a mesa ou os dois. Já no modo tradicional, o máximo que pode acontecer é... você quebrar a ponta do lápis, que é barato (olha aí de novo a questão econômica! hehe);

3) E a questão prática: Pela minha experiência, percebi ser melhor fazer os exercícios no modo tradicional. Desse modo, quando você for desenhar na mesa digitalizadora, verá que seus traços tenderão a sair mais soltos, leves e precisos.

Bem, acredito que a maioria das respostas estão aí... mas quem tiver outras dúvidas a respeito, pode perguntar.


O Mito do Curso Completo

Uma vez me perguntaram se eu conhecia algum "Curso Completo de Mangá", que ensinasse desde o básico até ao avançado. Minha resposta foi não: nada podia ser considerado assim, embora eu tenha encontrado muito material didático de desenho na internet.

Sim, vários cursos e livros já foram rotulados como: "curso completo" ou contendo as palavras: "aqui você aprende tudo" ou ainda: "encontra tudo". Na minha opinião, trata-se daquelas "frases-clichê" de propaganda, pouco tendo a ver com a realidade.

Uma coisa é alguém dizer: "este curso é ótimo, aprendi bastante nele". Aqui afirma-se algo perfeitamente possível. Agora, a pessoa declarar o tal curso como "completo" e que "aprendeu tudo ali"... é um exagero! Alguém entra em um curso sem saber desenhar absolutamente nada? Eu nunca vi. Inclusive é comum o aluno mostrar os seus trabalhos ao professor e aos colegas, logo no primeiro dia.

Se o aluno já sabe desenhar algo, por mínimo que seja, é porque aprendeu... e antes do curso! Logo, caso ele diga mais tarde: "aquela escola ensinou tudo que eu sei", isto não corresponderá a verdade. E esse aluno, tendo boa vontade em pesquisar e disposição para treinar, sem dúvida aprenderá desenho tanto fora do curso quanto depois de terminá-lo.

Portanto, essa história de "curso completo" é uma promessa que não se concretiza. Caso um curso de desenho fosse mesmo completo, nenhum outro seria necessário. Afinal, se o tal curso já ensina tudo, nada mais faltaria aprender sobre o assunto. Se faltasse, é porque seria incompleto. Olha só a contradição!

Em vez de perder tempo correndo atrás da ilusão do "grande curso", é muito melhor você tomar ações concretas e a partir de agora. Você é iniciante em Desenho? Ou, mesmo já tendo uma certa experiência, quer melhorar seu traço? Comece por aqui!

Não tem problemas com traços? Ou quer aprender mais sobre Desenho? Nesse caso, consulte a postagem Links de Tutoriais e Dicas de Desenho!

sábado, 7 de novembro de 2015

Divisão Proporcional

Divisão Proporcional, em termos simples, significa dividir algo em partes iguais. Em Desenho frequentemente precisamos fazer isso, muitas vezes à mão... por exemplo, na hora de marcar as proporções dos personagens, para construí-los.

Na figura abaixo, observe que o esquema das personagens envolve uma divisão de um número ímpar. A primeira personagem (A) tem um esquema de seis cabeças de altura. Eu primeiro dividi a altura total dela na metade e, em seguida, cada metade em três partes. A segunda personagem (B), mais no estilo infantil, tem três cabeças de altura. Nela, a divisão do espaço foi em três partes, direto.



Eu postei esse exemplo apenas para demonstrar que, antes de aprender sobre proporções, você precisa saber como dividir uma medida (qualquer medida, seja ela par ou ímpar) Como? Praticando este exercício do Prof. Fábio Vicente. A figura seguinte representa esse exercício, onde pratiquei as divisões em duas partes. em quatro,em três, em seis, em cinco e, por fim, em...quinze partes!



Quanto fazer? Eu fiz uma folha por dia (frente e verso), todos os dias, durante uns dois meses e meio. Caso você seja iniciante em Desenho, seria bom praticar por quatro meses, no mínimo. Á medida que você dominar certas divisões, passe para outras, na qual você tem maior dificuldade. No caso, eu comecei a dividir as retas em cinco partes, quinze, sete e catorze... todas divisões ímpares:



Não desanime se as primeiras divisões que você fizer não saírem cem por cento precisas: continue a praticá-las, se necessário releia as instruções do Prof. Fábio, que você consegue.


Boa Sorte!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Exercícios de Traço - 3

Outra sequência de exercícios! Desculpem pela má qualidade dos scans (ainda estou aprendendo a lidar com a câmera... rsrs). Este é praticado em folhas de caderno (A):




O primeiro é uma série de linhas retas (figura B). Aqui estou usando três linhas do caderno. Comece traçando retas em zigue-zague (1) no sentido indicado pelas setas, até chegar ao canto direito da folha. Em seguida faça novas retas, sempre em zigue-zague, de modo a cruzar com as retas anteriores (2). Repita o processo (3 e 4) até ficar como mostrado em B.



Não precisa fazer os traços correndo! Vá devagar, no início. Você também pode fazer uma pequena pausa entre uma reta e outra. O importante é que as retas não ultrapassarem a primeira e a terceira linhas e que você procure manter um espaço regular entre os traços. Claro que no início será difícil, somente com a prática você consegue.

Vamos ao segundo exercício (figura C). No espaço de três linhas, trace cinco retas inclinadas (1), no sentido mostrado pela seta vermelha. Depois, trace uma nova, começando de onde você terminou a quinta reta (2) e indo até a base da terceira linha. Adicione quatro retas (3), traçadas no mesmo sentido da primeira. A partir daí, você repete os traços, até chegar ao lado direito da folha (4).



Volte ao lado esquerdo da folha (figura D). e trace uma linha no primeiro espaço, vá traçando até preencher esse espaço (1), sempre respeitando o movimento mostrada na seta. Passe para o espaço seguinte (2) e preencha-os com novas retas (3)... depois para o próximo (4), até o fim.



O terceiro exercício (figura E) é uma variante do anterior. Acho que as figuras estão bem claras e não há necessidade de maiores explicações:


Os demais exercícios mostrados na figura A eu já havia explicado na primeira parte desta série, basta você acessá-la para saber como fazê-los. Também vou deixar o link para segunda parte, caso você não a tenha visto.

Neste último exercício, (F), você utiliza folhas de sulfite ou de rascunho. são apenas variantes de um dos exercícios propostos pelo Prof. Fábio (veja o link do blog dele na primeira e segunda parte desta série). Mantenha uma velocidade média no traçado: nem muito devagar, nem muito rápida. Não apóie o braço sobre o papel (somente a ponta do grafite deve tocá-lo) e segure o lápis como o Prof. Fabio ensinou.



A figura G mostra claramente o processo: você inicia traçando um círculo e sem tirar o lápis do papel, vai traçando (1) até chegar ao centro (2). Complete a folha traçando essas mesmas formas com diferentes tamanhos (3).






terça-feira, 3 de novembro de 2015

Exercícios de Traço - 2

Vamos à segunda parte dos exercícios (para quem está chegando agora e não viu a primeira, clique aqui). Antes de prosseguir, quero lembrar mais uma vez: os exercícios devem ser praticados todos os dias! Faça no mínimo uma folha de sulfite, frente e verso. Use papel reciclado ou de rascunho, se quiser economizar.

Esta folha (A) representa o exercício da Aula 03 do Prof. Fábio Vicente. Infelizmente o papel saiu cortado, na hora de escanear, mas dá pra ter uma idéia:



Só vou dar breves explicações aqui. Para maiores detalhes, visitem o blog do Prof. Fábio, OK? O objetivo desse exercício é treinar os movimentos do braço, mais exatamente do pulso e do cotovelo. Veja que a folha está dividida em quatro partes. Na primeira parte (1) os traços foram executados com o movimento do pulso. Na segunda (2) foi somente com o movimento do cotovelo, deixando o pulso imóvel durante o traçado.

A parte 3 e a parte 4 são um pouco mais complexas, pois exigem que você empregue os movimentos do pulso e do cotovelo em conjunto, para criar os traçados. O último só consegui realizar com sucesso após uns três ou quatro dias, mais ou menos. Difícil? Só no começo: depois que você pega a manha, sai mais fácil e solto.


Quando, depois de uma semana ou duas, você já tiver dominado o exercício, passe a praticar esta variante (B), que eu bolei:


Na primeira parte (1) da folha, faça traços em forma de "oito", desde o topo. Você gira o pulso para traçar o "oito" e vai descendo com o braço, até chegar à base da folha. Esse exercício é ótimo pra soltar a mão. Não se importe se os traços não saírem muito certinhos nos primeiros dias, eles tenderão a melhorar com a prática.

Na parte 2, o exercício é o mesmo da parte 4 do exercício do Prof. Fábio... e, nas partes 3 e 4, você repete a sequência. Se você quiser, preencha a folha inteira com esses traçados, pode fazer um traçado em cima de outro!

Preocupe-se apenas em manter os traços leves e soltos, sem exercer pressão excessiva sobre o papel.


=====>>> Veja também: Exercícios de Traço - 3

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Links de Tutoriais e Dicas de Desenho


(Lista Atualizada em 13/05/2022)


• Tutorial de Luz e Sombra - contendo vários exemplos de diferentes tipos de iluminação, ele serve tanto para desenhistas quanto para fotógrafos.

• Nippo Jovem - Este site brasileiro oferece aulas grátis de mangá.

• Carson Van Osten - desenhista veterano da Disney, elaborou dicas para solucionar problemas comuns em desenho. São sete páginas, no total.

• Blog de Rochester Mesquita - Tutoriais de mangá, em português.

• Mangablog - Blog espanhol de mangá, com dicas e tutoriais.

• Dibujando.net - Site espanhol de mangá e desenho, contendo dicas e tutoriais.

• Jesulink.com - Tutoriais e dicas sobre mangá e desenho.

• Balloon Tales - Tutoriais sobre balões de quadrinhos. O site também disponibiliza fontes usadas em comics. Nota: Nem todas as fontes são gratuitas. Leia as instruções antes de fazer o download!

• Composição e os elementos do Design Visual. - Apesar de dirigido para fotográfos, muitos dos princípios mostrados valem para o desenho. Veja isto, também.

• Evitando erros em uma composição.

• Como desenhar cavalos.

• Desenho Técnico e Perspectiva - contém dicas sobre perspectiva e desenho técnico, além de tutoriais sobre illustrator e photoshop.

• Grande e detalhado estudo de perspectiva.

• Blog sobre animação - Contém model-sheets, cenários, storyboards, screenshots e rafes de personagens da animação clássica.

• Fred Ludekens - quatro páginas com dicas de desenho deste ilustrador americano.

• Como desenhar Caricaturas - Por Tom Richmond, desenhista da MAD, revista americana de humor.

• Ainessa - Dois tutoriais de desenho.

• Gravação Manual de Letras - O artista dá um efeito sensacional nas letras...e tudo manualmente!

• Perspectiva, Luz e Sombra.

• Desenho de automóveis.

• Stencil Revolution - Fórum com dicas e tutoriais sobre arte em Stencil (ou "Estêncil", em português).

• Como desenhar Tecidos - Para outros resultados, procure no Google por: drapery tutorial; drapery study; drapery; panejamento..

• Dan Gheno - Este artista dá algumas dicas de desenho em seu site.

• Desenhando uma nave em perspectiva - Ótimo tutorial que combina dicas de perspectiva e de Photoshop.

• Drawn in Black - O site disponibiliza tutoriais de desenho.

• Lição de Ron Lemen - Recomendado!

• Desenhando cabeças em vários ângulos / Mais aqui!

• Character Designs - Blog sobre desenhos de personagens e mascotes.

• Como usar o grafite - Tutorial completo de um retrato feito à lápis.

• Como transportar materiais de desenho (pincéis, tintas e bico-de-pena).

• Blog de Rad Sechrist - Dá boas dicas sobre desenho e animação como estas.

• 10 dicas para desenho de Mangá.

• Diário de um Desenhista -
O artista escreve tutoriais e dá dicas sobre a profissão.

• Dicas sobre composição.

• Drawing How to Draw -
Ensina, principalmente, a desenhar personagens famosos de animes e quadrinhos e disponibiliza tutoriais de desenho em geral. Exemplos: Como desenhar cilindros / Criando boas composições / Veja outros, aqui!

• Desenhando no IPAD.

• Blog de Iain McCaig
- Embora o blog esteja abandonado, possui bons tutoriais: Desenhando cabelos / • Desenhando olhos / • Desenhando expressões

• Desenho a Lápis realista, por Carlos Aleman.

• O Tumblr, além de imagens e referências, disponibiliza tutoriais de desenho!
A maioria do material postado é do deviantart. Ainda assim é útil, pois facilita encontrar tutoriais e referências. Como fazer? É só procurar pela tag! Veja no seguinte link: http://www.tumblr.com/tagged/drawing%20tutorial

Basta colocar, após o "tagged/", o termo (em inglês) do que você quer achar. Por exemplo:"reference", "drawing", "drawing%20tutorial", "model%20sheets", etc. Tudo sem as aspas, claro. O texto "%20" é uma tag usada para separar as palavras, pois se você separá-las por espaços, neste caso, vai retornar erro.

Um exemplo do que pode ser achado ali ===>>>
• Planos da face -
Imagens de um rosto em 3D. Bom para estudar os planos da face, que facilita na hora de esboçar e sombrear. São 22 imagens, disponíveis para download!

• Analytical Figure Drawing -
Recomendado para quem está iniciando os estudos de anatomia: em vez de ir direto para o desenho de ossos e músculos, a proposta, aqui, é partir de esquemas simplificados. Lamentável que o blog teve vida curta (nasceu e morreu em 2011)...ainda assim, compensa dar uma passada lá.

• Desenhando Mãos -
Exemplos de desenhos de mãos estilizadas (tipo cartoon) e de mãos reais.
 

• The 21 Foundations of Animation 

 • How to draw Storyboard - Um tópico gigante!

• The 19 Commandments of Color Theory - Infográfico

domingo, 1 de novembro de 2015

Aprender Desenho: por onde começar?

Pouca gente ensina desenho por onde se devia começar, que é pelo traço. De que adianta você saber desenhar "tudo" de mangá se o seu traçado for feio e desajeitado? Estou citando o mangá como exemplo porque (incrível) a maioria das apostilas que encontrei sequer trazem exercícios de traço! Nos livros e apostilas sobre quadrinhos e desenho artístico acontece o mesmo: poucos autores tratam do assunto... e quando tratam, é sempre de maneira resumida (e incompleta).

Nas escolas, idem. Pelo menos, na escola onde estudei, foi assim. Passaram uns exercícios logo no primeira meia hora, onde você tinha que traçar uma série de bolinhas e linhas... e depois nunca mais tocaram no assunto.

Eu me matava de desenhar essas bolinhas e linhas, gastava folhas e folhas durante meses e não adiantava! Hoje sei que não adiantava porque, como disse acima, os exercícios foram passados de maneira incompleta. Havia um "jeito correto" de se segurar o lápis para se praticar (pequeno detalhe que fazia toda a diferença!). Isso aprendi nas aulas do blog do Prof. Fábio Vicente. Pratiquei os exercícios que ele ensinou e meu traço melhorou bastante.

Nos fóruns onde participei eu publiquei os resultados dessas experiências. Porém esses fóruns foram fechados e o material foi perdido. Felizmente eu tinha backup das postagens e decidi publicá-los novamente, neste meu novo blog.

Antes de prosseguir, um aviso: esses exercícios devem ser praticados todos os dias (incluindo sábados, domingos e feriados!) Tem que ter dedicação, tem que haver compromisso da sua parte. Senão, pode esquecer! Então, vamos lá. Esses são Exercícios da Primeira Aula do Prof. Fábio. Você deve seguir as instruções dele aqui, inclusive quanto à forma de segurar o lápis!




Eu modifiquei só alguns detalhes do exercícios. Por exemplo, o autor propõe fazer quatro retas no canto superior esquerdo da folha (A) e eu faço um pouco mais (B). Na metade inferior, ele manda fazer quadrados e traçar, dentro, círculos (veja figura C): aqui, eu só acrescento mais um quadrado e um círculo dentro, quando as figuras são maiores (D), pra maior aproveitamento do espaço.





Quanto fazer? No mínimo, uma folha dessas, frente e verso. Todos os dias, repito! Você pode usar papel reciclado ou de rascunho, se achar que sulfite é muito caro.


O segundo exercício é este:


Nele você usa cadernos do tipo universitário e lápis comum. Para melhor proveito, faça-os sempre depois dos exercícios anteriores. E lógico: uma folha por dia, frente e verso, todo santo dia! (Nem precisava dizer, né? rsrsrs)

• Importante: Ao traçar, procure mover o braço inteiro, não só o pulso e o cotovelo. Nos exercícios de formas circulares, trace sem encostar o braço na folha, apenas a ponta do lápis deve tocá-la.

O primeiro é o mostrado na figura E. Desenhe um círculo, na direção indicada pelas setas (F). Dentro desse cícrculo, trace um outro, menor (1) seguindo a mesma direção. Faça um terceiro círculo (2), do mesmo tamanho que o primeiro, de modo que a borda dele toque a borda do círculo menor... e repita até preencher o espaço.



O segundo é o da "mola" (G). É mais difícil do que parece, você gastará um tempo até dominá-lo (1), mas é um dos exercícios que mais contribui para deixar o traço solto! Exatamente por esse motivo eu o faço mais que os outros... e recomendo o mesmo a você.



O terceiro combina retas e curvas (H). Nele você pode encostar a mão no papel, sem problemas: só tente deixar a mão leve (com o tempo você pega o jeito). Comece traçando, (1) deixando um espaço entre as formas, exatamente como você vê na figura, até o final da linha.

Volte, então, e trace as formas nos espaços que você deixou (eu coloquei os traços em azul apenas para você entender melhor o que eu quero dizer). Um bom exercício para te dar o que se chama de "golpe de vista".



Esses são os principais. Claro que você pode variar os exercícios... e inventar os seus próprios, também. No início, entretanto, se atenha a fazer círculos e retas, pois são esses os elementos principais do desenho.


Atenção: Como muita gente tem dúvidas a respeito dos exercícios, eu bolei um pequeno FAQ para responder as questões mais comuns, aqui.

=====>>> Veja também: Exercícios de Traço - 2 / Exercícios de Traço - 3